Archive for the ‘Imagem e Comunicação’ category

Antropologia: Estudo do património imaterial conquista adeptos e perpetua “sabedoria popular”

14 de Maio de 2011

O estudo e investigação do património imaterial está a ganhar adeptos em Portugal e noutros países do sul da Europa, conduzindo a “uma maior valorização e redescoberta” da chamada sabedoria popular.

Segundo o diretor do Museu Terra de Miranda, o antropólogo Jean-Yves Durand, o estudo das questões ligadas ao património imaterial estão cada vez mais na moda, após a temática ter sido reconhecida pela UNESCO em 2003.

“O património imaterial de um povo não faz parte apenas do seu passado, já que o mesmo se adapta as novas exigências da sociedade”, disse o antropólogo à agência Lusa.

Segundo Jean-Yves Durand, “as tradições têm tendência a evoluir ou a desaparecer, uma situação que leva ao seu registo e aguça a curiosidade de quem as preserva”.

Esta é uma das questões que, desde sexta-feira, ocupa os participantes nos VI Encontros de Primavera de Miranda do Douro, subordinados ao tema “Antropologia, Cinema e Sentidos”, iniciativa que junta até domingo especialistas em antropologia e museus da península ibérica.

O diretor do Museu Terra de Miranda alerta, no entanto, que não se pode “obrigar” uma comunidade a organizar uma tradição local se a população não a acha útil ou significante, só porque vem do passado, mas frisa que “este tipo de cultura é essencial para a identificação das comunidades e pode trazer um valor económico”.

Já António Roma, magistrado espanhol ligado a questões culturais, concordando com a preocupação da UNESCO no sentido de levar os Estados a cuidarem do seu património imaterial, considerou que, em Portugal, as leis para a preservação deste património “estão bem concebidas”.

Essas leis levarão “à obtenção de bons resultados no futuro, no que diz respeito à preservação das tradições do presente e do passado”, observou António Roma.

Por sua vez, para Humberto Martins, investigador do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA), “o património imaterial é uma matéria a estudar, mas com os devidos cuidados”.

“Caso contrário, pode-se cair na tentação de nos reinventarmos constantemente como seres singulares, quando no passado partilhámos muitos traços com outras comunidades humanas”, acrescentou.

Os VI Encontros de Primavera de Miranda do Douro, que decorrem no auditório do pavilhão multiusos da cidade e no Museu Terra de Miranda, terminam domingo com um passeio com almoço campestre pelo planalto mirandês.

FONTE: Lusa

Exposicão em Paris quer ensinar a ver o mundo com outros olhos

18 de Fevereiro de 2010

Exposicão em Paris quer ensinar a ver o mundo com outros olhos

POR: Andrés Bermudez Liévano (AFP)

Mais de 160 obras – tótens, máscaras brasileiras, pinturas flamengas, jóias peruanas, esculturas africanas – são apresentadas em Paris em uma exposição antropológica que propõe explicar as visões do mundo de diferentes culturas e suas representações.

A exposição, “A produção de imagens”, que abriu suas portas nesta terça-feira, 16 de Fevereiro, no museu Quai Branly, em Paris, é uma tentativa, difícil mas facinante, de entrar nas diferentes visões e nos diversos modos de representá-las.

“Temos a ilusão de que todo o mundo vê as mesmas coisas”, explicou o curador Philippe Descola, que ocupa a cadeira de antropologia do Collège de France, que no passado já pertenceu à Claude Lévi-Strauss.

“A cultura em que fomos criados faz com que vejamos as coisas diferentes” explicou Descola na apresentação à imprensa da exposição, que busca “colocar em imagens” suas ideias.

Esta mostra – a terceira exposição antropológica na história do Quai Branly – é também uma boa ocasião para que objetos da coleção do museu, organizados geograficamente, conversem entre si de outras maneiras.

Segundo Descola, as diferentes culturas do mundo expressaram suas ideias da realidade de quatro maneiras diferentes em pinturas, esculturas e outros objetos: animismo, totemismo, analogismo e naturalismo, que apareceu na Europa na Idade Média.

No “animismo”, todos os animais e plantas são considerados possuidores de uma interioridade e, como resultado, suas representações fazem alusão à essa dimensão. Assim, as máscaras de animais do Canadá se abrem para revelar rostos humanos em seu interior.

Quase todos os objetos latino-americanos da mostra possuem essa visão animista, incluindo máscaras gigantes Wauja do Brasil, e um par de brincos verde resplandecente, que parecem feitos de penas e foram fabricados com dezenas de asas de escaravelho, vindos do Peru.

Os objetos “possuem atributos animais” que o homem admira, explicou Anne-Christine Taylor, diretora de pesquisas do museu.

Em segundo lugar, através de retratos e paisagens holandesas aparece o “naturalismo”, que propõe que apenas o homem possui uma interioridade.

Para Descola era importante incluir na mostra o mundo ocidental, ausente nas coleções do museu. “Não temos que excluí-lo, nem colocá-lo como o único” falou à AFP na véspera da inauguração da mostra, que termina em julho de 2011.

No “totemismo”, ilustrado por objetos de aborígenes da Austrália, os homens, animais e plantas vêm de ancestrais comuns.

Os cangurus e as tartarugas, desenhados em tons ocre e formas geométricas em uma série de pinturas sobre cortiça, não seriam representações dos próprios animais, mas sim de seus “toténs” originais.

Finalmente o “analogismo” acredita que todos os seres são diferentes, e que o homem busca relações entre eles para organizar o caos do mundo.

Formam parte do grupo os objetos que representam “seres compostos”, como um colorido tapete cósmico do norte do México.

Como diz a frase de Leonardo da Vinci que recebe os visitantes quando entram na mostra: “A pintura é uma coisa mental”.

FONTE: AFP

Faltam comentadores à estação pública: investigadores sugerem antropólogos

26 de Janeiro de 2010

POR: Ana Gaspar (www.jn.sapo.pt)

A falta de alternativa para ocupar o lugar de António Vitorino foi um dos argumentos apontados para a que a RTP ponderasse o fim de “As escolhas de Marcelo Rebelo de Sousa”, programa que está há cinco anos no ar, tal como o de Vitorino. E na opinião da investigadora Felisbela Lopes isso acontece porque nos “últimos anos, (a televisão) não tem produzido novos protagonistas a nível do comentário político, com a mesma expressividade com que o fez nos anos noventa”.

“Os factores televisivos viraram costas a outro tipo de interlocutores. Há uma confraria que se perpetua no poder, de acordo com a sua capacidade de se perpetuar na televisão. É urgente quebrar esta lógica circular”, defende a docente da Universidade do Minho.

Mesmo que a estação viesse a arranjar uma alternativa – recorde-se que Marcelo Rebelo de Sousa chegou a propor nomes como os de Mário Soares e de Almeida Santos para ocuparem o lugar de Vitorino -, essa solução seria “pontual”, sem que seja resolvida “a questão de fundo”.

Ditadura das audiências

“Não é uma dificuldade da RTP, é do espaço público. Significa um grande empobrecimento do espaço mediático”, sublinha. E se por um lado os partidos apenas conseguem produzir protagonistas em dois níveis – da direcção do partido e da do grupo parlamentar – as estações não investem em novos comentadores devido à “ditadura das audiências”.

“A televisão tem uma lógica imediata. Arriscar em alguém novo comporta perigos. Tem de ser pensado de uma forma abrangente”, explica, acrescentando que o cabo pode ser uma solução para lançar novos comentadores, mas que estes não podem ficar “acantonados” nestes espaços.

Por seu lado, Rui Cádima, da Universidade Nova de Lisboa, secundariza a questão dos comentadores, que considera estar “inquinada”, pois o que é preciso, é abrir o espaço de debate do primeiro canal público a outros pluralismos, tal como a União Europeia tem vindo a defender.

“Uma das lacunas maiores é a do pensamento português de vanguarda. Não existe em Portugal se for visto só pelo prisma da RTP1”, defende o investigador da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. No seu entender, o problema do pluralismo na estação pública só será resolvido quando houver espaço para representantes de áreas como a Sociologia, a Ciência Política ou Antropologia. “Pluralismo cultural, geográfico e conceptual do pensamento, das ideias e do saber”.

Mas nesta hipótese, alerta Felisbela Lopes, há também que se procurar novos pensadores, porque “sob pena de reproduzir os mesmos erros noutros campos”.

Comentador, mas participante

Também para Manuel Pinto, da Universidade do Minho, o caso está “inquinado” por os factos serem aproveitados no “combate político”. O professor do Departamento de Ciências da Comunicação considera “preocupante” quando um comentador é ao mesmo tempo um “player” (participante) do universo político, referindo-se a Marcelo Rebelo de Sousa, que é apontado como candidato à liderança do PSD. “Às vezes não é claro em que medida é que as críticas que faz ao próprio partido, não as faz enquanto ‘player'”, frisa.

O pluralismo político e social na televisão pública é, considera, “uma discussão que não tem sido feita”. “O interesse dos cidadão na vida pública não pode basear-se apenas no pluralismo político-partidário”, e essa discussão está por fazer no interior das estações, considera o investigador.

FONTE: Jornal de Notícias

Exposição retrata rios e lagoas do estado brasileiro de Alagoas

18 de Dezembro de 2009

Alagoas é mesmo um império de águas – mansas, mornas, azuis, verdes ou cristalinas. Muitas são as características que poderiam descrever a imensidão aquática encontrada no Estado. Mas, de acordo com as tradições africanas, por trás de toda essa beleza existe uma senhora absoluta: Iemanjá.

Para homenagear a dona das águas, o Museu da Imagem e do Som de Alagoas (Misa), equipamento da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), abre as portas para a exposição fotográfica Encanto das Águas. Lançada no último fim-de- semana, a mostra segue até sábado (19), divulgando o olhar de dez fotógrafos sobre a imensidão de águas localizadas no Estado.

“Alagoas comemora o dia de Iemanjá em 8 de dezembro, data também dedicada à Nossa Senhora da Conceição. Essa foi a maneira que nossos antepassados encontraram de reverenciar a Rainha das Águas sem perseguições. A exposição fotográfica é uma homenagem ao mês de Iemanjá”, explicou Amaurício de Jesus, integrante da Casa de Iemanjá. A instituição e o Laboratório de Antropologia Visual de Alagoas são os idealizadores da mostra fotográfica.

Ao todo cerca de 40 fotografias compõem a exposição no Misa. São cliques de antropólogos, sociólogos, jornalistas e de outros observadores. De acordo com a jornalista Erna Barros, ao contrário do que muitos pensam, Iemanjá também pode ser representada nas águas de rios, lagoas, cachoeiras e outras fontes de água distintas do mar.

“Tirei algumas fotos da Lagoa Mundaú e do Rio São Francisco. A exposição é uma forma de dar visibilidade a algo que faz parte da cultura e da tradição dos alagoanos”, afirmou Erna.

Ainda segundo os organizadores e fotógrafos da mostra, a exposição Encanto das Águas também é um alerta para a necessidade de discutir o preconceito e a intolerância religiosa com manifestações afro-brasileiras.

A exposição está aberta ao público no horário de funcionamento do Misa, de segunda à sexta, das 8h às 14h, e aos sábados, das 8h ao meio-dia. O museu funciona na Av. Sá e Albuquerque, 275, Jaraguá. Mais informações: (82) 3315-7881. Entrada franca.

FONTE: Alagoas 24 Horas

Universidade de Brasília lança revista de Linguística e Antropologia

18 de Dezembro de 2009

O Laboratório de Línguas Indígenas da Universidade de Brasília (UnB) lançou nesta quarta-feira, 16 de Dezembro, o primeiro número da Revista Brasileira de Linguística Antropológica. A revista, que será produzida por estudantes indígenas e pesquisadores, tem por objetivo abrir espaço para a interface entre Linguística, Antropologia, Arqueologia e outras áreas do conhecimento.

MAIS INFORMAÇÃO: Planeta Universitário