Archive for the ‘Sociologia’ category

Cérebro só consegue relacionar-se com 150 amigos

26 de Janeiro de 2010

POR: Isabel Lopes (www.expresso.pt)

Os utilizadores de sítios como o Facebook ou o Orkut orgulham-se de ter centenas de amigos mas uma investigação concluiu que o círculo de relacionamento destas pessoas é igual ao daqueles que não estão presentes nas redes sociais.

Segundo um estudo da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, o cérebro humano só é capaz de administrar um máximo de 150 amigos nas redes de relacionamento da internet.

O antropólogo Robin Dunbar sublinha que este número é idêntico ao que já havia sido apurado antes de existirem as redes sociais.

Este professor de Antropologia desenvolveu, nos anos 90, a teoria “Número de Dunbar” segundo a qual o tamanho do neocortex humano (a zona do cérebro que é utilizada para o pensamento e a linguagem), limita a capacidade de administrar os círculos sociais a 150 pessoas.

Em entrevista ao jornal “The Times”, Dunbar afirmou que “é interessante ver que uma pessoa pode ter 1,5 mil amigos, mas quando se olha para o tráfego nesses sites percebe-se que essa pessoa mantém o mesmo círculo íntimo de cerca de 150 pessoas que observamos no mundo real”.

“As pessoas orgulham-se de ter centenas de amigos mas a verdade é que os seus círculos são iguais aos dos outros”, sublinhou.

FONTE: Expresso

Gilberto Freyre fala de moda

7 de Janeiro de 2010

Por: Julio Honaiser

Duas mulheres de tempos distintos e duas percepções de moda que falam muito mais do que aparentam. De um lado, a “mulher ornamental” do Brasil colonial: subordinada ao patriarcado que a tratava como uma espécie de corpo aberto à ornamentação. Do outro lado, a mulher burguesa pós-Revolução Industrial, cujo tamanho das joias era proporcional à força econômica e influência de seu marido. Dois exemplos que o sociólogo Gilberto Freyre cita para discorrer sobre a moda como indicador de aspectos  socioculturais de seu tempo.

É por esse viés dos costumes e hábitos do cotidiano que o autor de Casa grande e senzala se aventura, ao decidir escrever sobre um tema que não se esperava encontrar no repertório de um intelectual do século passado. Mas Gilberto Freyre é uma exceção à regra. Dedicou uma obra inteira ao tema. Modos de homem & modas de mulher, que teve lançamento póstumo em 1987, chega de novo às lojas, relançado pela Global em uma edição caprichada.

Freyre foi um desses intelectuais que ajudaram a explicar o Brasil. E para a felicidade dos leitores escolheu o caminho da prosa simples, do ritmo de conversa e das anedotas do dia-a-dia para tratar dos hábitos e da forma sui generis de viver do brasileiro. Depois de falar dos hábitos de moradia (Casa grande & senzala Sobrados & mucambos) e de realizar uma verdadeira sociologia do doce (Açúcar), o antropólogo resolveu falar de moda. E acabou fazendo isso com curiosa propriedade, justamente porque não se deteve a noções de “certo e errado” comuns nessa área, dando preferência à abordagem do assunto como fenômeno sociológico. A moda é tratada como aquela que “estiliza as mudanças sociais” e esse é o trunfo de Modos de homem & modas de mulher. A moda que fala dos modos – da moral, do decoro, da religião e até do linguajar.

A obra vai dos tempos de colônia até a década de 1980. Para isso, o autor usa ensaios e comentários interligados para falar de temas ainda atuais: o envelhecimento da mulher, o traje feminino como sinônimo da prosperidade familiar, a relação da moda com ecologia (dá pra ser mais atual?), as vítimas dos modismos, a consciência brasileira da própria tropicalidade e o consequente “abrasileiramento” da moda vinda de fora, entre outros tópicos. Por exemplo: o triunfo do algodão como tecido nacional, fresco e compatível ao clima; a disposição da brasileira às cores, que contrastam com a “morenice” de suas peles (Sônia Braga parece ser a musa de Freyre e o arquétipo da feminilidade nacional).

O dom quase premonitório (o livro foi escrito muito antes de se cogitar uma semana de moda brasileira) de Gilberto Freyre fica evidente no momento em que trata do Brasil como espécie de “guru fashion” dos países ibero-tropicais, com potencial ascendente para não somente degustar as influências de fora, mas também pensar a própria moda, a própria imagem. E também quando elabora uma nova concepção de feminilidade – que chega com a mudança estética e ética da mulher – atrelada a uma certa masculinização dos hábitos e costumes e à adaptação delas a papéis outrora exclusivamente masculinos.

Por essas e (muitas) outras que em tempos de maratona de desfiles  – Fashion Rio São Paulo Fashion Week se aproximam – a leitura sem afetação dos códigos de vestimenta que Freyre  faz pode se mostrar uma interessante ferramenta de análise do fértil período que vive a moda brasileira, com uma profusão de grifes e marcas. Freyre foi um gênio porque conseguia escrever sobre os assuntos mais curiosos.  Pena não ter conseguido assistir de camarote à solidificação da moda nacional que previu. De qualquer forma, ponto pra ele.

Fonte: Blog de O Livreiro

Livro e CD marcam 50 anos da morte de Villa-Lobos

24 de Novembro de 2009

Heitor Villa-Lobos

O antropólogo Paulo Renato Guérios lançou no dia 23 a segunda edição do livro e CD-ROM Heitor Villa-Lobos – O Caminho Sinuoso da Predestinação, numa homenagem ao compositor Heitor Villa-Lobos, no momento em que ocorre a passagem dos 50 anos da sua morte.

A publicação de Heitor Villa-Lobos – O Caminho Sinuoso da Predestinação preenche uma lacuna no campo da história da música erudita no Brasil. A obra é pioneira ao abordar a trajectória de vida de Villa-Lobos num estudo profundo de carácter sócio-antropológico, realizado a partir de uma pesquisa extensa e minuciosa em fontes primárias de vários arquivos encontrados na cidade do Rio de Janeiro.

O livro recria os diversos universos sob os quais se tornaram possíveis as criações musicais de Villa-Lobos e permite uma análise substancial de sua obra. A primeira edição, lançada em 2003 pela Editora FGV (Fundação Getúlio Vargas) e esgotada já há vários anos, tornou-se imediatamente, de acordo com a opinião da crítica académica e musical, uma das principais referências sobre a vida do compositor.

O autor Paulo Renato Guérios é doutor em Antropologia Social pelo Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro. Actualmente é professor adjunto do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Paraná. Os seus trabalhos têm como foco a “construção social da pessoa” e as suas pesquisas tratam da Antropologia da Memória, da Sociologia da Arte e das relações humanas em ambiente de trabalho. Heitor Villa-Lobos – O Caminho Sinuoso da Predestinação é baseado em sua dissertação de mestrado, defendida junto ao Museu Nacional/UFRJ, em 2001.

FONTE: Paraná Online