Antropologia: Estudo do património imaterial conquista adeptos e perpetua “sabedoria popular”

O estudo e investigação do património imaterial está a ganhar adeptos em Portugal e noutros países do sul da Europa, conduzindo a “uma maior valorização e redescoberta” da chamada sabedoria popular.

Segundo o diretor do Museu Terra de Miranda, o antropólogo Jean-Yves Durand, o estudo das questões ligadas ao património imaterial estão cada vez mais na moda, após a temática ter sido reconhecida pela UNESCO em 2003.

“O património imaterial de um povo não faz parte apenas do seu passado, já que o mesmo se adapta as novas exigências da sociedade”, disse o antropólogo à agência Lusa.

Segundo Jean-Yves Durand, “as tradições têm tendência a evoluir ou a desaparecer, uma situação que leva ao seu registo e aguça a curiosidade de quem as preserva”.

Esta é uma das questões que, desde sexta-feira, ocupa os participantes nos VI Encontros de Primavera de Miranda do Douro, subordinados ao tema “Antropologia, Cinema e Sentidos”, iniciativa que junta até domingo especialistas em antropologia e museus da península ibérica.

O diretor do Museu Terra de Miranda alerta, no entanto, que não se pode “obrigar” uma comunidade a organizar uma tradição local se a população não a acha útil ou significante, só porque vem do passado, mas frisa que “este tipo de cultura é essencial para a identificação das comunidades e pode trazer um valor económico”.

Já António Roma, magistrado espanhol ligado a questões culturais, concordando com a preocupação da UNESCO no sentido de levar os Estados a cuidarem do seu património imaterial, considerou que, em Portugal, as leis para a preservação deste património “estão bem concebidas”.

Essas leis levarão “à obtenção de bons resultados no futuro, no que diz respeito à preservação das tradições do presente e do passado”, observou António Roma.

Por sua vez, para Humberto Martins, investigador do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA), “o património imaterial é uma matéria a estudar, mas com os devidos cuidados”.

“Caso contrário, pode-se cair na tentação de nos reinventarmos constantemente como seres singulares, quando no passado partilhámos muitos traços com outras comunidades humanas”, acrescentou.

Os VI Encontros de Primavera de Miranda do Douro, que decorrem no auditório do pavilhão multiusos da cidade e no Museu Terra de Miranda, terminam domingo com um passeio com almoço campestre pelo planalto mirandês.

FONTE: Lusa

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